sexta-feira, 3 de junho de 2016

Nada muito sobre filmes (Parte XXVI)

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Por Germano Xavier


TUBARÃO

Ando vendo e/ou revendo os filmes dirigidos por Steven Spielberg, sujeito acostumado a críticas as mais díspares possíveis dentro do ramo cinematográfico. TUBARÃO (1975) foi o seu primeiro grande sucesso. Eu tinha parcas recordações sobre o filme até então, por isso a (re)visão. Decerto que a mecânica do tempo é impiedosa para com a fomentação e dissipação de espantos relacionados ao olhares que apresentamos diante de determinadas matérias, mas é bem fácil entender o motivo de tanto alvoroço à época de seu lançamento. Muita publicidade e, sem dúvida, uma produção muito bem definida. Gravado em alto-mar, o filme tem seu espaço. Há quem veja relações com Moby Dick e com o estilo de filmagem de Hitchcock. Vale aquela teimosa espiadela. Sigamos!


UM CORPO QUE CAI

Alfred HItchcock: sinônimo de filmaço. Puro, certeiro, na veia. Vertigo, vertigem. Doses cavalares de bom cinema. Eis UM CORPO QUE CAI (1958), misturança de suspense, drama, romance e surrealismo acompanhada por uma trilha sonora saborosíssima que não permite que o filme desça do salto em nenhum instante. Um clássico em Technicolor, perturbador e frio. Assim mesmo, um filme adjetivoso. Cinema para amadores de cinema. Filosófico, repugnante, assombrosamente lindo. Havia tempo que não tinha uma experiência cinematográfica tão contundente. Recomendo a todos os mortais!


PARIS, TEXAS

PARIS, TEXAS (1984), de Wim Wenders, acaba de entrar para a minha lista dos melhores de todos os tempos (esta coisa de lista é muito complicada, não é mesmo?). Cabem várias interpretações sobre a belíssima e quase que hipnótica produção. Enxerguei até Kaspar Hauser no protagonista Travis, personagem outsider que ao voltar de uma longa diáspora pessoal, tenta uma nova entrada e inserção na sociedade (lar/convívio com os mais próximos). Iconoclasta, de narrativas ao mesmo tempo abertas e fechadas, a película é um bloco integral de convencimentos. Valeria a pena só pela guitarra plangente do polêmico Ry Cooder em diversas cenas. Um filme para mais de um olhar, bucaneiros. Recomendo a todos os mortais!


SINDICATO DE LADRÕES

Em tempos de massivas delações "premiadas", traições dantescas e falcatruas homéricas que atordoam a todos, nada melhor que poder assistir a um filme que trata com assombrosa maestria da perfídia. SINDICATO DE LADRÕES (1954), dirigido por Elia Kazan, é uma película que não pode deixar de ser vista. Num jogo de empurra-empurra criminoso, o protagonista Terry Malloy resolve se vingar de um influente mafioso das docas de sua cidade utilizando-se da palavra-verdade em um julgamento. A coragem de Malloy faz eclodir uma voz-viva no interior dos silêncios e dos medos dos trabalhadores locais, acostumados aos mandos e desmandos de um esquema corrupto e injusto de trabalho liderado pelo supracitado gângster. Mais um com o Marlon Brando para a minha contabilidade. Simplesmente imperdível. Recomendo a todos os mortais!


TRANSPATAGÔNIA

O documentário TRANSPATAGÔNIA (2014) é o registro de uma fantástica aventura vivida pelo brasileiro Guilherme Cavallari, que pedalou por cerca de seis meses completamente imerso na região da Patagônia, ali entre o Chile e a Argentina. No auge de completar seus cinquenta anos de idade, Cavallari decidiu explorar mais a si mesmo e partiu para uma viagem incrível. Desses filmes que podem mudar algumas nossas velhas e enferrujadas concepções sobre a vida. Bastou uma bicicleta e alguns equipamentos... O relato imagético de Cavallari nos presenteia com lindas paisagens e reflexões pontuais sobre o essencial vital. O filme acaba renovando fôlegos. Quiçá, quiçá, uma guinada dessas. Um dia. Quiçá. O documentário também virou livro, intitulado de TRANSPATAGÔNIA - PUMAS NÃO COMEM CICLISTAS. Recomendo a todos os mortais!


* Imagem: http://www.thasos.hu/blog/409-a-mozi

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