segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Poemas de Germano Xavier em Francês (Parte XXXVII)

*
Por Germano Xavier

"tradução livre"


Sexta-feira, 23 de Outubro de 2015
Sobre as regas

Sur les arrosages

arroser les fleurs
[même celles en plastique]
arroser les fleurs


* Imagem: http://dougnz.deviantart.com/art/Untitled-579246365

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Poemas de Germano Xavier em Francês (Parte XXXIV)

*

Por Germano Xavier

"tradução livre"


Segunda-feira, 12 de Outubro de 2015.
Prêmios para pulhas em manobra


Des prix pour des connards en ascension

ceux qui croient à tout ce qu’ils lisent,
car ils sont les plus nombreux,
formeront le groupe des desavisés
ou des volailles obtuses.

ceux qui ne croient plus à rien
car ils sont des nomades de fait,
se méfieront amèrement de la turbulence.

ceux qui se soumettent à la critique, en vue du jugement dernier
[des paons élitistes encore attachés aux soins de Maman]
lirons, perplexes, des nouvelles sur leurs comportements honteux

À bas Le Danger ! À bas Le Danger !

[les autres
des boites sans clous
auront le prix de l’insouciance]


Imagem: http://www.deviantart.com/art/Falling-angel-578491547

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Um olhar sobre Sintaxe e Discurso

*

Por Germano Xavier


(Um resumo)


AZEREDO, J. C. Introdução à sintaxe do português. Rio de Janeiro: Zahar, 1990, p.120-139.

É de se saber que os períodos, na língua portuguesa, utilizam-se não apenas de referenciais de natureza sintática para se associarem, mas também de meios discursivos que, por tradição, sempre estiveram atrelados à retórica e à estilística. Ao que toca o ato enunciativo, conferimos, de maneira clara, a expressão de um eu que se assume enquanto locutor, produtor individual de um dado discurso. Todavia, para que entremos nas demandas dos estudos envolvendo sintaxe e discurso, faz-se importante visualizar que o discurso está situado entre a ação de um enunciador/locutor e um contexto variável de produção discursiva.

Diante da expressa relevância da figura do locutor/enunciador em toda a engrenagem de produção discursiva dentro de um emaranhado linguístico, algumas variáveis podem ser classificadas em três categorias: a modalidade, a referência e a polifonia. O campo da modalidade refere-se à ligação existente a tudo que intrínseco ao interlocutor e ao conteúdo, a esfera referencial trata das relações entre tempo e espaço e, por último, a polifonia dialoga sobre as interações intertextuais ou interdiscursivas.

Acerca da modalidade, devemos perceber sua intimidade para com os conteúdos das orações, interesses e intenções enunciativas. As indicações locutárias podem ser expressas através de alguns pontos, a citar:

a) Sintagmas adverbiais ou preposicionados;
b) Predicadores seguidos de que + oração ou justapostos no enunciado;
c) Modos do verbo;
d) Marcadores de foco;
e) Verbos modais;
f) Empregos modais dos tempos verbais;
g) Conjunções;
h) Verbos que explicitam o ato praticado pelo locutor;
i) Entoação.

Já as intenções e interesses do enunciador podem ser expressas a partir das seguintes pontuações:

a) Predicados seguidos de infinitivo ou que + oração;
b) Verbos modais;
c) Verbos que explicitam o ato praticado pelo locutor;
d) Modos do verbo;
e) Entoação;

Quanto aos marcadores de foco, são elementos constituidores de ideia de inclusão, exclusão e de designação e situam-se na linha limítrofe dos sintagmas, sendo de difícil classificação. São, por assim dizer, marcadores sintagmáticos. Os marcadores sempre estarão entre as fronteiras de dois sintagmas, servindo ou não como marcadores de foco ao lado de determinados verbos, como acontece em alguns casos envolvendo construções de sentido com a utilização do verbo “ser”.

Os meios usados pelas variantes contextuais que se misturam ao discurso através do locutor é o que chamamos de referência. Aqui há uma preocupação com marcações de tempo e de espaço. Aqui, expressões pontuam o presente, o passado e o futuro com clareza. As questões elaboradas no panorama referencial atendem, em parte, ao contexto mediato e ao contexto imediato, que terminam por apresentar variações de ordem temporal, cada qual ao seu estilo. Há de se destacar também, ainda no tocante à referência, o caso dos tempos do subjuntivo, que são influenciados em suas formas simples.

A polifonia, por sua vez, pode ser entendida como mecanismo de intertexto. Na polifonia, um enunciador incorpora ao seu discurso afirmativas de outros enunciadores. Esta instrumentalização, dentro do discurso, pode gerar o elemento implícito. Um fenômeno vasto, muito utilizado em todo o campo linguístico. A polifonia é propriedade de todo texto. O discurso indireto é um recurso típico pelo qual o enunciador efetua a troca do contexto imediato pelo contexto mediato. Há de se notar que a principal característica do discurso indireto é o fato de ser um discurso que se tornou conteúdo de outro discurso.

Além da modalidade, da referência e da polifonia, a coesão é mais um fator que confere a qualquer fragmento discursivo o caráter de texto. A coesão aparelha todo um complexo de sentido a partir das ferramentas de união (dêiticos) presentes nas fronteiras dos períodos. Dois aspectos da coesão necessitam ser evidenciados, pois: o tópico e a junção, que pode ser conectiva ou por justaposição. O tópico faz a ponte entre sequências de período, sendo, portanto, um conceito discursivo. A junção conectiva é um operador que se realiza por meio de palavras e locuções que se relacionam com parte outras do texto. Destarte, segmentos outros atribuídos a diferentes atos discursivos ou a diferentes locutores se relacionam por justaposição.


* Imagem: http://carlosmatheus.org/o-discurso-politico/

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Avô matingueiro

*

para Elizeu Xavier,
in memoriam

em pegas de boi, viu furar os olhos
da filharada-homem o graveto pontudo
do mato caatingueiro.

montou carcaça
de animal bravo, dobrou as rédeas
de uma vida avessa. armoriou o pó
das estradas solares, debruçado
na alvorada roncosa dos secos gerais.

cego dum olho, enxergou horizonte
de filho caçula. foi distante, amigo
dos destinos, arvorou lenta luta.
em cirandeados, clandestino amou
moças avulsas.

a história que não vivi
conta que Seu Elizeu, homem rude
da Cajarana, meu avô matingueiro,
havia de nos ensinar duas coisas:

que adentrados, nós, na esteira do tempo,
ninguém mata nem desmata, pois
um dia tudo se destripa.

e mesmo a flor dos cajus, a dizer ventos
mais mornos, é prenúncio: acre sumo
de gosto travoso no balé dos maturis.


* Imagem: https://blogdadeia.wordpress.com/tag/cordel-encantado/