domingo, 17 de maio de 2015

Apontamentos sobre processos fonológicos

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Por Germano Xavier


No último capítulo do livro FONÉTICA E FONOLOGIA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO, as autoras Izabel Christine Seara, Vanessa Gonzaga Nunes e Cristiane Lazzarotto-Volcão destacam os processos fonológicos referentes ao Português Brasileiro e acentuam determinadas regras de formalização de tais constituintes. 

As autoras nos lembram da mobilidade mutacional e dinamicidade características à língua, apontando o olhar para a facilidade que a língua tem de suprimir de uma vez por todas termos há tempos em desuso dentro do espectro de usufruto das sociedades, da mesma forma que facilmente engloba em seu corpus novas expressões e palavras oriundas de demandas também novas ou renovadas. 

Em nível fônico, tais mudanças na língua podem ser investigadas apelando para os prismas da sincronia e da diacronia. De acordo com as autoras, apesar de serem dois olhares com perspectivas diferenciadas para com o desenvolvimento da língua, há uma certa relação entre os dois fenômenos. Os processos fonológicos seriam classificados, assim, em função destas duas óticas.

Seguindo este raciocínio, as autoras destacam a influência do pensamento de Chomsky e seu modelo gerativista de pensar a língua. Para este autor, os estudos fonológicos devem possuir o poder de prever as possíveis regras utilizadas pelos falantes da língua. 

Com relação aos processos fonológicos da língua, isto é, às mudanças de ordem sonora em formas básicas de morfemas quando estes estão na ação de construção das palavras, percebe-se a preocupação das autoras em destacar que neste âmbito de investigação qualquer conjunto de regras tem ligadas suas estruturas lexicais às suas respectivas estruturas fonológicas.

Assim posto, as autoras situam os processos fonológicos em 4 categorias. Vejamos:

1) Assimilação: quando um segmento assume os traços de distinção de um segmento contíguo;

2) Estruturação Silábica: alteração nos constituintes das sílabas;

3) Enfraquecimento e Reforço: quando há modificação nos segmentos a partir de suas posições nas palavras;

4) Neutralização: quando a fusão dos segmentos envolvidos se dá em ambientações específicas.

De acordo com as autoras, as perguntas mais precisas e relevantes a serem feitas quando da modificação de segmentos, são: a) que segmentos foram modificados?; b) que modificações sofreram?; c) sob que condições se modificaram? Destarte, faz-se preciso compreender que uma regra de ordem fonológica se dá de acordo com a anunciação condicional sob a qual ocorrem os processos fonológicos. As regras fonológicas são apresentadas em ordem binária, sob a simbologia A – B/C___D. 

No interior destes processos todos, as autoras também destacam os fenômenos indicativos de palatização (quando um segmento adquire articulação secundária africada), labialização (quando uma articulação secundária de arredondamento é acrescida a uma articulação primária), inserção ou epêntese (quando há o acréscimo de um segmento à forma basal de um morfema), harmonia vocálica (tipo de assimilação que torna as vogais mais semelhantes entre si) e o sandi (transformação de estruturas silábicas causada pela queda das vogais).



BIBLIOGRAFIA

SEARA, Izabel et al. Fonética e Fonologia do Português Brasileiro. UFSC. 2011. Disponível em http://goo.gl/tQy90q. Acesso em 17 de maio de 2015.


* Imagem:  http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-44502005000100004&script=sci_arttext

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