quarta-feira, 16 de julho de 2014

A doce introdução

*
Por Germano Xavier

eu poderia estar contando as horas
fáceis e individuais dos meus silêncios,
porventura rasgá-las e até, por um instante,
odiá-las, faróis abarrotados de noite.

eu poderia alcançá-las
em alguma rua fria, temente,
tomá-las do menino alegre que corre na alameda,
para jogá-las ao vento e dizer-me aos tímpanos dos céus:

os azuis, as azuis!

porém, antes mesmo das intensas faces
da morte, diárias e impetuosas,
singrarem-me a pele, em dobras me fiz
em recusas de aqui e agora:

e como a recrudescer-me, como a exacerbar-me,
dia já ido, quis meu coração, criar apenas um levante ideário
em tua suposta e plástica direção


* Imagem: http://www.deviantart.com/art/Dulce-introduccion-al-caos-341860786

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