sexta-feira, 20 de julho de 2012

O muco


Por Germano Xavier 

ou um ilhéu coroado em febre onde cabem todas as maravilhas

Parte III


estive contigo na dor quando perdi
ou quando deixei de ganhar você esteve comigo
não quis ver meu rosto se espatifar no chão
por tanta tristeza de amor acontecida
havia sido o meu primeiro amor e você era das poucas que sabia
que naquele instante abria-se uma fenda em mim
tal qual uma rachadura causada no solo após um bruto terremoto

você não precisava estar comigo ao sol
nem andar comigo no caminho para a faculdade
ver comigo a falta de árvores para se fazer sombra em nós dois
você não estava obrigada a me gostar assim

depois a cabeça com aqueles voleios
o tamanho dos teus seios aumentando para cima de meus olhos
dois tamanhos diferentes (eu me lembro bem)
a branqueza de tua pele roçando na minha de leve
no cineminha ao ar livre vimos o que nem todos viram
era um filme que se iniciava e sem fim

um dia você veio e descansou tua tarde em meu colo de pernas
(aquilo foi tão maravilhoso)
tua tarde caída em nós quando você perfumou minha cama com o teu cheiro

deitamos e nos amamos sem amor

até que um dia surgiu um beijo no meio de um desafio e algumas panelas
o selo na cozinha
o amor endereçado ao coração da eternidade de cada um
que não queria mais o outro
personagem maior que nós juntos
uma celebração moderna do consumo das vis sacralidades

4 comentários:

Germano Viana Xavier disse...

Crédito da imagem:

"untitled
by *oprisco"
Deviantart

Amanda Andrade disse...

Saudades de você. :D

PERSEVERÂNÇA disse...

Lindo! o texto nos faz viajar, sem sair do lugar, imaginar situações e por um minuto sonhar que poderiamos ser a personagem.
Abraço fraternal.

Daniela Delias disse...
Este comentário foi removido pelo autor.