domingo, 4 de setembro de 2011

Tabaco (um exercício de argumentação)


Por Germano Xavier

Um dos principais motivos para o tabagismo ser a doença mais importante no mundo atual é devido ao fato de existirem grandes grupos interessados em produzir e comercializar tabaco. E, para isto, contam com o auxílio de legiões de publicitários, sempre e cada vez mais criativos. O tabaco, para exercer o seu cartel de maldades, conta com muito ajuda externa.

As campanhas publicitárias têm como base o desejo. As mensagens são quase sempre ligadas a algo que gostaríamos de ter ou ser e os publicitários tentam fazer com que o produto que eles querem vender passe a impressão de que, uma vez possuindo-o, o sonho ou o paraíso tornar-se-á realidade. Os anúncios de cigarro não querem convencer de que fumar é bom. Os publicitários querem, sim, persuadir, mexer com os sentimentos, fazer com que passemos a querer fumar sem uma clara percepção do porquê.

O que as imagens vinculadas ao tabaco passaram por décadas: "fumem o nosso cigarrinho e vocês ficam poderosos". Como podem fazer isso? Colocam uma mulher linda acendendo o cigarro do usuário, de preferência, fazendo beicinho. Quer estratégia melhor? No início do século 20, o objetivo da indústria tabagista era vender cigarros somente para o homem. Por isso, a imagem da mulher era utilizada de maneira exclusiva, como o principal objeto do desejo masculino. Lembre-se que, naquela época, não havia televisão, nem outdoors, entre outros ferramentas de publicidade. Além de algumas poucas revistas e jornais, os próprios maços de cigarros eram o grande chamariz.

A publicidade subliminar do tabaco ou aquela que utiliza as imagens de poderosos formadores de opinião são recursos perigosos para a saúde pública. Quem acreditará que exista risco na prática do tabagismo, se, por exemplo, uma pessoa tão inteligente, e queridíssima, como o Jô Soares, não nos privou, em épocas passadas, de associar a sua imagem ao uso do tabaco? Fica a questão. Não é necessário explicitar o quanto sou a favor da proibição de qualquer propaganda que envolva artigos ligados ao tabaco. Todavia, é preciso revelar a minha vontade de ver um dia o mundo dizendo “não” ao tabaco, vivendo cada dia mais e melhor.

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