quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O inconsciente e a consciência-realidade


Por Germano Xavier

No início do século XX, o homem era a sede do próprio conhecimento e, nessa mesma época, surgem as ciências humanas, no justo desígnio de reforçar tal pensamento e dar suporte ao "boom" científico vivido naqueles idos. A tensão do homem (centro do conhecimento) versus a "inconsciência" (do homem é a parte do inconsciente que lhe é concedido) veio intensificar as hipóteses de Freud.

Como modelo topográfico, podemos falar de um pensamento "inconsciente" que procura transmitir-se para o "pré-consciente", de maneira a poder, então, forçar seu caminho para a "consciência". Pode-se citar, também, que o pensamento "pré-consciente" que é reprimido ou expulso é então tomado pelo "inconsciente". Ambos os modelos foram superados por um determinado grupamento mental, especial, que teve uma catexia de energia a ele ligada ou dele retirada, de modo que a estrutura em questão caiu sob a influência de um agente determinado ou dele fora afastado.

A psicologia separava a "consciência" e a "inconsciência", ou seja, um ser que age de forma "consciente" de um ser que age de forma "inconsciente". Enquanto a psicologia tratou desse problema por uma explanação verbal, no sentido "psíquico" significava "consciente", e falar de processos psíquicos "inconscientes" era de um absurdo impalpável. Qualquer avaliação psicológica das observações feitas por médicos sobre estados mentais anormais estava fora de cogitação.

Para Freud, o conceito de "inconsciência" seria o conjunto daquilo que se passa na mente (pensamentos, recordações, impulsos, desejos, emoções...) sem que a pessoa tenha "consciência" de seu conteúdo ou funcionamento, e que, por sua vez, manifesta-se nos sonhos e em certos comportamentos. O "inconsciente" é a esfera maior que inclui o "consciente", esfera menor.

Os processos psíquicos podem ocorrer sem excitar a "consciência" do sujeito, havendo "coisas" que não são alteradas pelos órgãos dos sentidos e/ou produzidos pelo domínio involuntário material do "inconsciente".

A concepção antiga que distinguia a "consciência" e o sonho perde o sentido. Dessa maneira, algumas atividades cujo desempenho bem sucedidos nos sonhos despertava assombro, hoje não devem ser mais atribuídas aos sonhos, mas sim ao pensamento "inconsciente", que se acha ativo durante o dia e não menos à noite. Sendo assim, o "Inc" é a parte do "inconsciente" que não chega à "consciência". O "Pcsc" é a parte que chega.


Texto escrito em parceria com Luís Osete, Marcos Lima e Renê Salomão, em 09/05/05, como atividade da disciplina Psicologia da Comunicação.

Um comentário:

Yvana disse...

Muito bom esse questionamento Germano.
A consciência interessa-nos profundamente, a todos os níveis, dos mais práticos aos mais especulativos. De certo modo, todas as questões fundamentais que continuam a ser fonte de acesas divergências de opinião — eutanásia, nomeadamente involuntária; aborto; responsabilidade legal; etc. — envolvem, em maior ou menor grau, a consciência. Nós queremos, nós precisamos de saber o que é a consciência, porque nós somos consciência, na medida em que o nosso “eu” se constrói necessariamente a partir da consciência (seja ela inconsciente…) que temos de nós próprios e do mundo que nos rodeia. Como seres dotados de autoconsciência, não só sentimos como também sabemos que há algo que é como ser nós próprios, mas ela, a consciência, aparentemente ao alcance aí em toda a fenomenologia que nos individua, escapa-nos. Resiste à nossa compreensão e finta o nosso conhecimento.