sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Abelardo e Heloísa



Por Germano Xavier



(Ou o mito do amor imortal)

lenitivos não existem sob a imanência
das alturas irrespiráveis. bendições não haverão
diante das execuções públicas crudelíssimas.
Hosanas deseducarão com má fé os cristãos
concebidos sem pecado original,

porque a matina amante sabe-se chiaroescuro,
e Uebermensch olhado de cima
de uma catedral gótica é o coração sem excrescências.

Prometeu perseguido por conter a fonte do segredo,
Esfinge sem questionamentos, o deus sem correntes
vulgarmente criado do povo que não conjuga julgamentos.

amor é na treva a voz sem túnel, garfo no baço e osso
perfurado, titanomaquia dizimada por aves de brinquedo
sem corda dada. onde viverá o espírito mais nobre das coisas,

quem saberá dizer de onde vem a melíflua manhã das macieiras
na primavera febril?


* Imagem: Arquivo próprio.

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